quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Encontro Nacional Popular pela Vida e Por Outra Segurança Pública acontece nos dias 14 a 16 de agosto em Salvador-BA

IOLÊNCIA ESTATAL - Encontro Nacional Pela Vida e Por Outra Segurança
Pública acontece nos dias 14 a 16 de agosto em Salvador-BA

Tribuna Popular denuncia violência estatal

Por Júlio Delmanto

Como parte das movimentações para o Encontro Nacional Pela Vida e por Uma
Outra Segurança Pública, movimentos sociais e vítimas da violência estatal
se reuniram em São Paulo

Como resultado da articulação de diversos movimentos sociais, entidades de
direitos humanos e famílias de vítimas da violência estatal, em dezembro
do ano passado foi realizado o Tribunal Popular, evento que colocou o
Estado brasileiro no banco dos réus. De lá pra cá, continuaram as
movimentações destes combatentes, e um dos resultados será o Encontro
Nacional pela Vida e por Uma Outra Segurança Pública, que acontecerá de 13
a 16 deste mês, em Salvador, Bahia. Além disso, diversas etapas estaduais
foram organizadas, como a Tribuna Popular sobre Segurança Pública,
realizada neste sábado, 08, no centro de São Paulo.

A Tribuna tinha como objetivo denunciar os crimes cometidos pelo Estado,
com atividades divididas em eixos que abordavam a política de higienização
do centro da cidade, os despejos nas favelas, a criminalização dos
movimentos sociais, encarceramento em massa, execuções sumárias e outras
violações dos direitos humanos. Ao final do evento foi aprovado um
manifesto que será levado ao encontro de Salvador.

“A tolerância é um fator decisivo para a banalização e, portanto, é um
incentivo à violência institucional. Assim, dar visibilidade e voz às
vitimas desse tipo de crime é um dos grandes objetivos do Tribunal
Popular, além da criação de uma rede de solidariedade e resistência”,
afirma o manifesto, que também critica a Conferência Nacional de Segurança
Pública, organizada pelo governo federal, por ter um caráter meramente
formulador de “propostas reformistas”.

Na parte da manhã foram apresentados os casos dos catadores de lixo da
Granja Julieta, que vem sendo ameaçados pela prefeitura chegando inclusive
a ter seu galpão queimado. Também foram expostos os casos de moradores do
Jardim Panorama e do Real Parque, vítimas da política de despejos
violentos comandada pelo lobby da especulação imobiliária e dos moradores
da favela do Pinheirinho, invadida e ocupada pelo Exército em São José dos
Campos, sob o pretexto de busca a fuzis roubados de um quartel (e depois
encontrados no litoral paulista).

No final da manhã, os participantes da Tribuna saíram à rua para protestar
contra a violência policial. Palavras de ordem como “chega de polícia que
mata” ou “abaixo a polícia racista” foram muito bem recebidas pelas
pessoas que caminhavam pelo Largo do Paissandu. “Os capitães do mato
evoluíram, e agora vestem cinza”, dizia a letra de um dos raps entoados.

À tarde, mães que tiveram seus filhos destituídos pelos conselhos
tutelares de Itaquaquecetuba apresentaram seu emocionado depoimento,
juntamente com dois conselheiros da cidade. As mulheres relataram o
desaparecimento das crianças após terem assinado papéis em branco que
levaram à perda do poder pátrio. Algumas delas estão há três anos sem ver
seus filhos. A justificativa dada é que haveria negligência das mães no
cuidado dos filhos. Segundo as mães, tal argumento é infundado e afirmam
que tal interpretação só faria sentido se pobreza fosse sinônimo de
negligência.

Também houve apresentação dos grupos de rap Força Ativa e Favela Atitude,
denúncia de outras violências policiais e informe sobre a criação do
coletivo Desentorpecendo A Razão, que discute a relação entre a proibição
das drogas e a violência estatal.

O manifesto aprovado ao final apresenta propostas, como o fim do registro
de "Resistência seguida de morte" ou "Auto de resistência", a
desmilitarização das periferias e das polícias, desmantelamento das
milícias, a criação de Comissões de Memória, Verdade e Justiça para os
crimes da ditadura e a investigação dos homicídios cometidos por agentes
do Estado.


Júlio Delmanto é jornalista.

Um comentário:

rafael disse...

Oi Débora,
Te mando as últimas notícias sobre a repressão no Rio Grande do Sul.
www.resistenciapopular.blogspot.com
Falou,
abraços