terça-feira, 25 de agosto de 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Encontro Nacional Popular pela Vida e Por Outra Segurança Pública acontece nos dias 14 a 16 de agosto em Salvador-BA

IOLÊNCIA ESTATAL - Encontro Nacional Pela Vida e Por Outra Segurança
Pública acontece nos dias 14 a 16 de agosto em Salvador-BA

Tribuna Popular denuncia violência estatal

Por Júlio Delmanto

Como parte das movimentações para o Encontro Nacional Pela Vida e por Uma
Outra Segurança Pública, movimentos sociais e vítimas da violência estatal
se reuniram em São Paulo

Como resultado da articulação de diversos movimentos sociais, entidades de
direitos humanos e famílias de vítimas da violência estatal, em dezembro
do ano passado foi realizado o Tribunal Popular, evento que colocou o
Estado brasileiro no banco dos réus. De lá pra cá, continuaram as
movimentações destes combatentes, e um dos resultados será o Encontro
Nacional pela Vida e por Uma Outra Segurança Pública, que acontecerá de 13
a 16 deste mês, em Salvador, Bahia. Além disso, diversas etapas estaduais
foram organizadas, como a Tribuna Popular sobre Segurança Pública,
realizada neste sábado, 08, no centro de São Paulo.

A Tribuna tinha como objetivo denunciar os crimes cometidos pelo Estado,
com atividades divididas em eixos que abordavam a política de higienização
do centro da cidade, os despejos nas favelas, a criminalização dos
movimentos sociais, encarceramento em massa, execuções sumárias e outras
violações dos direitos humanos. Ao final do evento foi aprovado um
manifesto que será levado ao encontro de Salvador.

“A tolerância é um fator decisivo para a banalização e, portanto, é um
incentivo à violência institucional. Assim, dar visibilidade e voz às
vitimas desse tipo de crime é um dos grandes objetivos do Tribunal
Popular, além da criação de uma rede de solidariedade e resistência”,
afirma o manifesto, que também critica a Conferência Nacional de Segurança
Pública, organizada pelo governo federal, por ter um caráter meramente
formulador de “propostas reformistas”.

Na parte da manhã foram apresentados os casos dos catadores de lixo da
Granja Julieta, que vem sendo ameaçados pela prefeitura chegando inclusive
a ter seu galpão queimado. Também foram expostos os casos de moradores do
Jardim Panorama e do Real Parque, vítimas da política de despejos
violentos comandada pelo lobby da especulação imobiliária e dos moradores
da favela do Pinheirinho, invadida e ocupada pelo Exército em São José dos
Campos, sob o pretexto de busca a fuzis roubados de um quartel (e depois
encontrados no litoral paulista).

No final da manhã, os participantes da Tribuna saíram à rua para protestar
contra a violência policial. Palavras de ordem como “chega de polícia que
mata” ou “abaixo a polícia racista” foram muito bem recebidas pelas
pessoas que caminhavam pelo Largo do Paissandu. “Os capitães do mato
evoluíram, e agora vestem cinza”, dizia a letra de um dos raps entoados.

À tarde, mães que tiveram seus filhos destituídos pelos conselhos
tutelares de Itaquaquecetuba apresentaram seu emocionado depoimento,
juntamente com dois conselheiros da cidade. As mulheres relataram o
desaparecimento das crianças após terem assinado papéis em branco que
levaram à perda do poder pátrio. Algumas delas estão há três anos sem ver
seus filhos. A justificativa dada é que haveria negligência das mães no
cuidado dos filhos. Segundo as mães, tal argumento é infundado e afirmam
que tal interpretação só faria sentido se pobreza fosse sinônimo de
negligência.

Também houve apresentação dos grupos de rap Força Ativa e Favela Atitude,
denúncia de outras violências policiais e informe sobre a criação do
coletivo Desentorpecendo A Razão, que discute a relação entre a proibição
das drogas e a violência estatal.

O manifesto aprovado ao final apresenta propostas, como o fim do registro
de "Resistência seguida de morte" ou "Auto de resistência", a
desmilitarização das periferias e das polícias, desmantelamento das
milícias, a criação de Comissões de Memória, Verdade e Justiça para os
crimes da ditadura e a investigação dos homicídios cometidos por agentes
do Estado.


Júlio Delmanto é jornalista.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Globo, Mv Bill e Haiti

Hip Hop do bem em solidariedade ao Haiti




Após uma revolta escrava ocorrida no final do século XVIII, o povo preto haitiano, escravizado pelo colonizador frances e seus descendentes, conseguiu libertar-se. Os brancos que sobreviveram a essa rebelião foram obrigados a fugir para a França que, em 1804, reconheceu a independência daquele país.

O exemplo de uma nação emancipada em decorrência de uma rebelião da classe subalterna não poderia se espalhar pelo resto da América, que ainda vivia sob o sistema escravista. Dês de então, esse pequeno país da América Central, é vítima de ataques constantes, velados ou declarados, dos países imperialistas, principalmente dos EUA, até os dias atuais.

Com uma população vivendo na miséria, o povo do Haiti se revoltou em defesa de sua sobrevivência, foi às ruas em grandes protestos, saques, fazendo até greves gerais. No início de 2004, aconteceu uma intervenção do governo dos Estados Unidos, forçando o então presidente (Aristide) a renunciar e deixar o país. O fato de o governo Lula estar interessado em ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU faz com que esteja pronto a atender qualquer pedido daquela organização. E se aproveitando disso, a ONU pede para que o Brasil envie tropas para sufocar a revolta popular.

Em 2005 a SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), sob o comando da então ministra Matilde Ribeiro – aquela que gastou R$ 171.000 do nosso dinheiro em futilidades como salão de beleza, free-shoop, entre outras – convidou organizações de Hip Hop de integridade negociável para preparar em conjunto a Campanha Pense no Haiti, Zele pelo Haiti, com shows, seminários e arrecadação de material escolar. Os grupos de Hip Hop comprometidos com a luta dos povos oprimidos entenderam que essa campanha, assim como o jogo da seleção brasileira de futebol, pretendia maquiar o verdadeiro caráter da invasão - chamada de Força de Estabilização. Não vemos verdade nas intenções pacificadoras de uma Organização das Nações Unidas que permitiram a invasão do Iraq pelos EUA, e apesar dos apelos, se negou a enviar suas tropas para Ruanda, permitindo os Htus matarem 800.000 tutsis em 100 dias (8.000 assassinatos por dia).

No momento em que uma delegação haitiana viaja o Brasil, estado por estado, para denunciar as atrocidades cometidas pelas forças de ocupação da ONU, lideradas pelos militares brasileiros, o rapper MV Bill apareceu no Domingão do Faustão propagando as “benesses” da invasão militar naquele país. A aparição super-anunciada de MV Bill no Faustão, no dia 12/07, foi simplesmente desastrosa. MV Bill defende a ocupação militar do Haiti! Para ele as criancinhas do Haiti ficam alegres quando vêem as tropas de ocupação! Sabemos que MV Bill não é tolo, não é desinformado, talvez mal intencionado, pois para a Globo ele é hoje um grande líder político. Aliás, ele muito bem sabe quem é a Globo, aquela emissora que “mostra os pretos chibatados pelas costas”, conforme expressa uma de suas antigas músicas. Mas os pretos do Haiti também são pretos, são pobres, são favelados, e são chibatados pelas costas. MV Bill negou a existência de grupos de rap no Haiti dizendo que não os encontrou por que o país é muito pobre. Mas o rap não é a música da favela? De certo MV Bill teve que negar o rap haitiano tal como a Globo há muito tempo tenta ofuscar o contestador rap brasileiro. Para essa emissora os maiores artistas do rap sempre foram Gabriel o Pensador, Marcelo D2 e agora MV Bill. Quem não lembra que antes de MV Bill aderir a Globo, essa emissora o perseguiu acintosamente? Disseram, no Jornal da Globo, que o clipe “Soldado do Morro” era só “ Armas, Drogas e música mal feita”. Mas num passe de mágica “global” MV Bill passou de “bandido musical” ao bom menino, da boa música, parceirão da compromissada Rede Globo, via “Criança Esperança”. Para obter esse status global MV Bill teve que se desculpar sobre as criticas outrora feitas ao “Criança Esperança” e à própria emissora. . Em seu Site MV Bill e CUFA também dizem-se favoráveis a ocupação dos morros cariocas pelo B.O.P.E. com algumas ressalvas. Já há alguns dias a Cidade de Deus, tão cantada por MV Bill, está ocupada pela PM, que, de acordo com relatos de moradores, tem lançado mão de práticas autoritárias como proibir que jovens circulem pela favela com cabelos pintados de amarelo, entrarem em algumas casas e abaixarem os volumes dos aparelhos de som, vasculharem aparelhos de MP3 para ver se encontram algum Funk, a musica proibida pelas autoridades fluminenses. E dês de então, nenhuma declaração do nosso “herói”, pelo menos em meios de grande repercussão, como num Domingão do Faustão.

Tudo isso demonstra que a CUFA é hoje um braço do Estado e da burguesia na favela. Sua parceria com organismos imperialistas como o Consulado dos EUA e o Banco Mundial não é à toa. Eles, juntos com outras entidades e empresas financiaram golpes e mais golpes militares na América Latina, ao mesmo tempo em que financiava também movimentos sociais pró-imperialistas. No Maranhão a CUFA encabeçou um Encontro de Hip Hop tirado da cartola pelo governo para se contrapor as atividades da Marcha da Periferia organizada pelo Quilombo Urbano (ver Governo e CUFA versus 3ª Marcha da Periferia) e na Cidade de Caxias se juntou a TV Difusora ligada ao grupo do senador Edson Lobão para organizar uma batalha de break no mesmo dia em que o grupo Ministério das Favelas (MINFA) realizaria a sua tradição batalha break, já em sua sexta edição. A batalha organizada pelo MINFA trazia como tema “Negro Cosme” o herói da revolta da balaiada. Na semana seguinte a essas atividades a prefeitura desta cidade mandou confeccionar uma cartilha exaltando Duque de Caxias, assassino de Negro Cosme. O apresentador da Batalha da Difusora, era o coordenador da CUFA-MA , conhecido como Billy.

“Se amanhã uma guerra estourar sei que lado vou estar” dizia em uma das músicas o MV Bill pré-global. Mas a guerra estourou no Haiti, nos morros do Rio de Janeiros, nas periferias brasileiras, o governo Lula criou a Força de Segurança Nacional paralelo a invasão do Haiti, e de que lado MV Bill ficou? Do mesmo lado que o mestiço Domingo Jorge Velho – o assassino de Zumbi - ficou quando a revolta negra estourava nas senzalas resultando em construções de quilombos. Claro que a CUFA não vai pegar em armas para assassinar os pretos com fazia os capitães do mato, ela apenas legitima os assassinos de nossa gente. Quando lançou o vídeo Falcões Menino do Trafico, que não mostra que são os grandes traficantes, a Globo elogiou e anunciou: comprem! Comprem! E logo em seguida lançou uma infinidade de programas que apresenta ela, a Globo, salvando vidas de crianças pobres e pretas, divulgando artistas pobres e pretos, a exemplo do programa Central da Periferia, enquanto por outro lado detonava com a política de cotas e exigia que os governos diminuíssem seus gastos sociais. MV Bill legitima a Globo e as forças imperialistas como única via de salvação dos favelados, quando são eles na verdade os responsáveis pelas condições de existência das favelas que cresce assustadoramente em todo o mundo. MV Bill e a CUFA “tá junto e misturado” com a burguesia, então não serve pra favela!

De nosso lado, estamos dispostos a cooperar com qualquer iniciativa de solidariedade ao povo haitiano, dês de que ela respeite a sua luta, a sua auto-determinação. Não caímos no engodo de que as tropas brasileiras lá estão para controlar a desenfreada violência das gangues marginais locais. Para isso basta entendermos que todo individuo ou grupo que luta contra uma classe dominante está sujeito a esses rótulos desqualificantes como no caso das FARC - taxada de quadrilha de traficantes – ou mesmo nossos heróis e heroínas que deram suas vidas lutando contra a ditadura civil-militar brasileira, mas que as autoridades e as grandes corporações de comunicação à eles se referiam como assaltantes, seqüestradores e terroristas.

Nós pensamos no Haiti e defendemos que zelar pelo Haiti é, também, através da nossa arte, gritarmos pela retirada das tropas brasileiras daquele país. E por esse manifesto, convidamos grupos, posses, crews, organizações, B. Boys/Girls, graffiteiros/as, MCs e DJs para, juntos, construirmos uma campanha de mobilização para exigir do governo brasileiro a desocupação do Haiti, retirando já o seu exército de lá.

Resistência Cangaço Urbano (CE), Coletivo de Hip Hop LUTARMADA (RJ),

Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão Quilombo Urbano (MA), Cartel do RAP (PR), Liberdade e Revolução (SP), Ministério das Favelas (MA), Atividade Interna (PI)